quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Quarteto Fantástico



Nesta semana tive a oportunidade de assistir ao novo filme do Quarteto Fantástico nos cinemas. Eu tinha minhas dúvidas se assistia o filme ou não pelo que vi nos trailers (que não me empolgaram muito, mas pareciam interessantes pela pegada sci-fi). Mesmo antes de assistir, o filme foi detonado ao extremo online com uma campanha da zona negativa que começou antes mesmo de o filme começar. Até nos quadrinhos da Marvel, que não publica nada decente do Quarteto há um bom tempo para boicotar a fox, o quarteto foi detonado (literalmente). Aliás a Guerra Secreta que a Marvel tem realizado contra a Fox cortando tudo que tenha a ver com Quarteto ou X-Men só prejudica os fãs que querem ler boas histórias de seus personagens favoritos.

 Matar o Wolverine... 

... e tirar a paternidade de Magneto sobre os gêmeos nas HQs são estratégias da Marvel/Disney contra a Fox

 Note que os personagens estão em um edifício, são atores (com aparência idêntica aos do novo filme) falando sobre filmagens (os nomes citados remetem ao diretor e ao ator do Tocha Humana deste remake) e vejam só se tinham dúvidas, tem um 4 na camisa de um deles

 


Trecho da edição #12 do Justiceiro... Coincidência? Premonição de que o filme é uma bomba?

 Conseguem achar o Quarteto ou os X-Men neste poster promocional da Marvel?

Que tal uma camisa com uma capa clássica sem o Quarteto ou os X-Men?

Não bastasse isso, a própria Fox não ajudou muito. As notícias sobre o filme não eram animadoras (seja sobre a história ou os bastidores), a campanha de divulgação foi realizada aos 42 do segundo tempo, o 3D foi cancelado e a cabine de imprensa foi feita nos acréscimos bem perto da estréia do filme nos Estados Unidos. Diante das críticas negativas, o próprio diretor do filme, Josh Trank, xingou muito no Twitter dizendo que esta versão do filme não foi a fantástica versão que ele idealizou depois disso deletou o Twitt mas aí já era. Em suas palavras: "Um ano atrás, eu tinha uma fantástica versão deste filme. E isso teria recebido ótimas críticas. Vocês provavelmente nunca o verão. Esta é a realidade".

Que coisa legal!

 Já o estúdio ao se defender, informou que Trank não tinha pulso firme e tinha comportamento explosivo, chegando a quebrar uma das locações e de quase chegar a sair no braço com o ator Miles Teller, que faz o papel de Reed Richards (que ele escolheu e lutou contra o estúdio para que estivesse no filme). Em contrapartida, o estúdio impôs a escalação da Kate Mara no elenco, o que teria desagradado o diretor. As repercussões negativas com a escalação de um Tocha Humana negro e um Dr. Destino Hacker que xinga muito no twitter aliados ao comportamento de Trank fizeram que o estúdio ficasse desconfiado do resultado do filme. Daí vieram as interferências do estúdio através do produtor e roteirista Simon Kinberg na busca de salvar o filme de seu Destino (sacaram o chiste jocoso?). Apesar de tudo, a Fox continua com planos de seguir adiante com o Quarteto.

 Um filme de Super-Heróis

Um filme de Ficção Científica

Depois desta contextualização, chegou a hora de falar do filme em si. Os filmes anteriores da Fox cumpriram o seu papel de fazer um filme divertido para toda família ao apresentar o Quarteto bem próximo da versão clássica da Marvel. Já este filme, veio com o objetivo de  explorar a Ficção Científica presente nas histórias do Quarteto, com ênfase a versão Ultimate do Mark Millar, reapresentando os heróis ao público. Apresentar o filme como Ficção Científica é um caminho diferente do que tem ocorrido na Marvel e na DC e funcionou muito bem nos filmes dos X-Men. No filme a abordagem Sci-Fi funciona bem no início e me lembra bastante o filme do mesmo diretor chamado Poder sem Limites com poucos recursos e uma boa idéia sendo executada.

Apresentar o filme como de Ficção Científica foi uma boa idéia

A história começa mostrando o início da amizade entre Reed Richads (Miles Teller) e Ben Grimm (Jamie Bell aka Billy Eliot) e de como juntos eles criaram uma máquina de teletransporte. Anos depois, a máquina chama a atenção do cientista Franklim Storm (Reg E. Cathey), que convida Reed para trabalhar em seu prédio junto com sua inteligente filha Sue Storm (Kate Mara) e seu filho rebelde Jonnhy Storm (Michael B. Jordan). Também está no projeto, um jovem da Latvéria que possui uma inteligência que rivaliza com a de Reed e que sente uma atração por Sue Storm chamado Victor. E assim o filme começa bem com os personagens bem caracterizados e com uma boa interação entre eles de maneira bem conduzida. Todos os quatro fantásticos atuam muito bem juntos. Todas as relações dos quadrinhos estão lá no filme: a rivalidade entre o Sr. Fantástico e o Dr. Destino, o cuidado da Sue com o irmão rebelde e, o que ficou mais bem construído, foi a amizade entre Reed Richards e Ben Grimm. Originalmente era pra Sue e Jonnhy serem negros neste filme, mas como o estúdio impôs a Kate Mara ao diretor a Kate foi apresentada como a adotada da família. Muita gente mimimizou quanto a isso, mas a mudança de etnia não fez nenhuma diferença na execução deste filme. A Sue Nórdica e o Jonnhy Negro funcionaram perfeitamente como irmãos bem diferentes entre si que amam a sua família. A Sue tem muito mais personalidade e atitude que a dos filmes anteriores não servindo apenas de enfeite. O modo como foi apresentado o Dr. Destino no filme como o geniozinho arrogante e convencido não me incomodou também. Realmente eu achei uma boa abordagem a usada para apresentar os personagens com diálogos deixam muita coisa nas entrelinhas sem precisar explicar tudo mastigadinho sobre eles.

Apesar de muita gente reclamar do Tocha Humana, o elenco também foi um dos acertos do filme

Mesmo demorando muito tempo do filme na construção da máquina o filme é interessante e prende a atenção. Depois que o exército faz sua intervenção, e os jovens decidem entrar na máquina para outra dimensão bêbados a gente sabe que isso não vai acabar bem (eu diria que é uma boa metáfora sobre a realização deste filme com os executivos no lugar do exército). Cara eu gostei muito desta idéia de apresentar o Quarteto como gênios aventureiros (bêbados) explorando o desconhecido. Curti bastante também o modo como o surgimento dos poderes são mostrados como algo perturbador além de incômodo e não como algo legal.

Se beber não viaje para outra dimensão

O modo como o surgimento dos poderes são mostrados é assustador!

Tá na hora do pau! O filme fica muito ruim da metade pro final! Ele deixou de ser um filme de Ficção Científica e passou a ser um filme de Super-Heróis genérico de 4° categoria. Toda a boa construção dos personagens realizada no início do filme vai pro inferno e eles não tem a mesma interação, nem evoluem, mesmo com a passagem de tempo que ocorre no filme. Até o momento que eles ganham os poderes tudo estava bem desenvolvido e até o Dr. Destino tava bem caracterizado e com um bom motivo para odiar o Reed Richards por tê-lo deixado naquela dimensão para morrer. O modo exagerado e caricatural de como é apresentado os militares que assumem o controle do Quarteto incomoda muito. A fácil aceitação deste mesmo controle militar pelo grupo também incomoda. Mas o que incomoda mais é quando ocorre a segunda viagem interdimensional e trazem o Dr. Destino de volta. Ele tem um momento legal quando mata os militares, mas o personagem podia ser melhor aproveitado (com um visual melhor). Destino tem todo o potencial pra ser um vilão fuderoso e ameaçador, mas nada disso é concretizado neste filme. E ele acaba se tornando um vilão bem nhé!


É Fantástico!!!


O final do filme é medonho! A luta contra o Dr. Destino não tem nada de mais e é desnecessária. É algo forçado e as motivações de Destino não convencem. Destino funcionaria melhor como gancho com o indicativo de que ainda está vivo do que um vilão físico neste filme. Se o quarteto ficasse só enfrentando os militares dando mais tempo para aprofundar a relação entre os personagens seria bem melhor. Como isso não ocorreu, o filme terminou corrido e com uma apressada solução Ex Máquina. A edição do filme ficou confusa com erros de continuidade. Os efeitos que começaram bem feitos e pontuais, passaram a ficar toscos e evidentes. O roteiro caiu muito em qualidade sem falar na direção que o filme tomou. Fico me perguntando como seria o filme sem tantas intervenções executivas da Fox, que fez praticamente a mesma coisa com o filme do Wolverine (um filme bem pior do que este).  Dos quatro filmes realizados, este é o com mais acertos (o que não é grandes coisas, quanto mais fantástico!). Resta torcer para que o Quarteto Fantástico tenha um Destino melhor seja nos cinemas ou nos quadrinhos.


Quarteto Fantástico
Ano: 2015
Diretor: Josh Trank

 

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...